Diretamente do Scientia est potentia
Por Francisco Quiumento
Por Francisco Quiumento
Já
há anos escrevi que criacionistas são meu hobby, minhas palavras
cruzadas, meus “puzzles”. Criacionistas tratam de maneira tão absurda e
distorcida de tantos assuntos que refutá-los passa a ser um passeio, até
podemos dizer uma jornada – quando não uma expedição, dada a selvageria
de alguns – por inúmeros campos técnicos-científicos, e nisto,
relembrá-los.
No “over kill” abaixo, passarei por inúmeros destes campos, procurando mostrar que os modelos físico-químicos-matemáticos dos criacionistas passam por uma graduação de argumentos pífios, ou por conceitos obscuros, premissas falsas, raciocínios errôneos, quando pelo menos relativamente bem construídos, ou simplesmente ridículos, quando não apresentam conexão mínima com o que seja a realidade, mesmo em observações que uma simples criança faça com coisas domésticas.
Em
contrapartida, procurarei, quando necessário ou adequado, mostrar os
modelos físico-químico-matemáticos coerentes com os fatos, especialmente
os combinatórios, que tratem da questão abordada.
Recentemente,
encontrei pitoresco blog de um evangélico na internet, com o mais que
divertido argumento de que evolução é matematicamente impossível, o que,
na verdade, é sempre uma modificação seja como for da Falácia de Hoyle,
que já tratei em um Knol.
Invariavelmente,
criacionistas que enveredam por esta argumentação sempre citam números
peculiares, sabe-se lá de que original fonte, como o de que as células,
menores unidades vivas, tem 100 mil moléculas.
1)
Como se qualquer colher de chá de sal não tivesse milhões, mas o que
interessa não é o número de moléculas, e sim como estas se coordenam, e
nisto está o mesmo motivo pelo qual minhas células da pele são bastante
mais complexas que uma bactéria de minha “bebida láctea com lactobacilos
vivos”, mas nem por isso, exatamente em relação ao processo evolutivo,
minhas células não são nem um pouco significativamente mais complexas
que as células de uma minhoca, o que guarda intimidade com meu Knol sobre modelos matemáticos em evolução.
Isto
se dá porque somos o rearranjo de células de um verme, apenas com
“algumas” funções acrescentadas, e não mais que isso (a mudança para um
cordado, um peixe, um anfíbio, um amniota, um mamífero primitivo em
coisa alguma vai mudar esta afirmação, apenas, mudar a sua graduação).
Igualmente
misteriosa, como se não estivesse já no argumento acima, é a afirmação
de que, nesta mesma célula, 10 mil reações químicas estejam ocorrendo.
2)
O que, em si, também pouco interessa, pois exatamente como percebemos
na complexidade em tamanho, estrutura e diversidade de moléculas, uma
célula de meu corpo não é mais diversa em reações químicas
significativamente que uma célula de uma minhoca, novamente, e portanto,
ainda mais se tomarmos um animal muito mais complexo, outro, igualmente
complexo – um primata qualquer -, perfeitamente pode ser a variação
deste. Logo, evolução por esta argumentação não pode ser derrubada como
fato.
Curiosamente, e eu me atreveria
a chamar – lembrando famosa “tirinha” humorística sobre o tema – de
“falácia da surdez”, os criacionistas não entendem que comprovar o
surgimento miraculoso das células – mesmo de qualquer “filo”- pouco
importa, pois, ainda sim, não se comprovaria que tais células ou, menos
ainda, tais “filos” não pudessem evoluir. Aliás, em caminho contrário,
para derrubar completamente e de vez o simples e óbvio raciocínio que
está no núcleo da evolução, desde suas afirmações basais por Darwin, sem
ao menos se citar filósofos que a pensaram e outros cientistas, é que
bastaria comprovar o surgimento miraculoso de um organismo complexo,
mesmo que fosse – pasmemos – muito mais complexo que as primeiras formas
de vida que afirmamos em biopoese (do grego bio, vida, e poiéo, produzir, fazer, criar).
Estas
formas de vida, sim, foram muito mais simples ao leigo, como a imensa
maioria dos criacionistas, e na generalidade em biologia específica
sobre o tema, que os lactobacilos de minha bebida.
Estas
formas iniciais de vida seriam tão simples ao ponto de não poderem ser
tratadas propriamente como uma célula no que hoje é este conceito, pois
seriam estruturas inclusive difusas com o meio, muito mais um sistema de
reações integradas, numa região de ambiente favorável, ou, como teria a
coragem de definir o conceito em termos, “região ou volume difuso de
reações”, o que Sagan trata de maneira brilhante em seu Cosmos,
mostrando uma formação de moléculas surfactantes ou tensoativas (aquelas
que contêm um lado polar – hidrófilo, compatível com dissoluções
aquosas – e outro apolar – hidrófobo ou lipófilo, aos moldes
bioquímicos, compatível com substâncias apolares como os lipídios),
isolando uma região, um volume onde se manifestariam as primeiras
reações químicas da vida, mesmo que transitoriamente e com inconstante
capacidade de auto-replicação.
Antes
de avançarmos para outro ponto, um conjunto de observações sobre a
falácia de Hoyle e determinadas questões sobre a combinatória de genes.
Mas
a razão principal pela qual a falácia de Hoyle é pífia, mesmo adaptada,
para se tentar derrubar a evolução dos seres vivos como fato é
exatamente o motivo pela combinatória que a genética de uma bactéria,
por mais simples que o seja, por novas combinações* chegará a se tornar a
combinação que formará, coordenará, a formação de qualquer outro ser
vivo, pois estes, ao nível genético, são apenas variações de
combinatórias dos genes, que coordenam todas as suas funções e
estruturas.
*E, inclusive,
configurações destas combinações, porque a estrutura na qual o DNA não
necessita, e não é, uma linearidade indivisível, e pode se apresentar em
linearidades “em paralelo”, aquilo que chamamos cromossomos.
A
questão é que a combinação “do próximo passo” não é e nem segue o/um
planejamento para se chegar a este próximo passo e, sim, simplesmente é o
próximo passo, inclusive não necessita de forma alguma ser um acréscimo
de complexidade no organismo (o que já é um forte argumento contra o
D.I., pois se era para depois simplificar, por que antes tornou
complexo?), nem mesmo o aumento da complexidade da própria carga
genética, nem muito menos ser contínua no aumento ou redução desta
combinatória em linearidade, e sim ser a divisão desta linearidade ou a
fusão de linearidades em outras estruturas.
Em
outros termos, para se fixar bem esta conceituação fundamental,
evolução não é a combinatória para se obter a genética de uma forma de
vida, mas a variação da genética da vida ao longo de gerações que
resultou em variações da vida.
Então,
retomando uma linha de raciocínio sobre este tema, não podemos jamais
afirmar que houve a adequada e perfeita série de combinações para
transformar uma bactéria numa figueira, por exemplo, mas sim que houve a
série de combinações que levou uma bactéria a se modificar e chegar
também numa figueira. Exatamente esta é a apreciação posterior sobre o
processo evolutivo, porque teleologia (planejamento) alguma se evidencia
na natureza. Portanto, se não se evidencia, afirmar que esta exista é
apenas um ato de fé, é crer-se que tal planejamento transcendente à
natureza exista, seja qual for o ente ou processo que o cause.
Aqui,
para entender determinadas questões teológicas (com respeito à fé) de
propor uma divindade atuante, recomendo ler Collins, um evolucionista
teísta em meu artigo sobre a demonstração que o design inteligente é um criacionismo.
Comparações indevidas
Sobre
estes já dois tiros na água (quando não em seus pés), os criacionistas
sempre acrescentam frases de efeito, como que a carga genética tenha “a
capacidade de armazenamento de informações de 30 volumes de uma
enciclopédia”.
Analisemos mais demoradamente esta afirmação.
Pegarei
uma enciclopédia robusta, como a minha Delta Larousse dos anos 60.
Possui 15 volumes, em um total de 8318 páginas, com duas colunas de
aproximadamente 67 linhas de 46 caracteres. Isto totaliza 16636 colunas,
logo 1.114.612 linhas, logo 51.272.152 caracteres. Levarei o número a
100 milhões, pois sou caridoso com argumentações matemáticas
criacionistas.
Nestas páginas está um
armazenamento de dados “linguísticos” expressando um volume
significativo de informações. Pode ser comparada com os 5 milhões de
bases de uma carga genética de uma bactéria como a Escherichia coli?
Sim,
pode, mas de maneira extremamente limitada. Genes não expressam
palavras, nem o nome de um rei persa, tampouco um nome de uma cidade,
muito menos uma equação matemática e, embora coordenem uma reação
química, não a podem representar com nossos símbolos químicos. Genes
coordenam atividades bioquímicas, e tão somente isso, e não são
arranjados para fazer isso dentro de liberdades
estilísticas/linguísticas/fonéticas que possuímos, como palavras de
origem russa têm sons que em combinação alguma em português são usuais,
por exemplo. Somente podem o fazer dentro de combinações simples e
específicas, pois A só se combina com T (adenina com timina), e C com G
(citosina com guanina).
Outra questão
é que cargas genéticas não podem, a partir de seus códigos simples em
variações a cada “caractere”, produzir a partir de um conjunto enorme de
letras, ironicamente como uma sopa de letras, as obras completas de
Proust, e sim, apenas “uma nova edição da Delta Larousse” (e talvez, com
diversos erros). Aqui, o modelo comparativo se mostra mais inadequado,
pois seres vivos e suas moléculas e genética não são arranjos, mesmo
que “inteligentes” (ordenados coerentemente para uma finalidade), são
sistemas bastante limitados em liberdades de reações químicas.
É
de se destacar este fato, pois, mesmo nas evidentes mutações que
possuímos quando nos nasce um sinal no rosto, ou quando um gato nasce
com um “dedo” a mais, se fossem muito mais que isso, não permitiriam
nossa vida ou a de um gato mais que alguns minutos fora do ventre de
nossas mães, e tal é bastante evidente.
Mas
somemos o argumento de que as primeiras formas de vida eram muitíssimo
mais simples (inclusive, especialmente, geneticamente) que as altamente
especializadas Escherichia coli, com o que vimos, genéticas não são
enciclopédias ou obras literárias e lembremos da “falácia da surdez”:
ainda que esta primeira forma de vida nem tão simples tivesse surgido
por milagre, ou ainda que qualquer um dos filos da natureza o tivesse
igualmente se formado em meio a um ainda deserto que seja a atual savana
africana, ainda sim, um elefante ou uma acácia seria um milagre de
ocorrência muito mais complexo e raro em se realizar, mesmo no arranjo
de células por milagre criadas, e tampouco anularia o banal e evidente
fato que tais seres vivos, assim surgidos miraculosamente,
modificaram-se no tempo, logo, evolução continua sendo fato.
Números misteriosos ou incompreendidos
Aqui,
pararei de sovar como de costume a verborreia criacionista e tratarei
de desmentir uma outra tolice que tem sido espalhada vergonhosamente por
defensores do Design Inteligente, que aceita e inclusive
implica em processo evolutivo, por místicos de toda a ordem e,
inclusive, por evolucionistas teístas um tanto confusos, ao ponto que,
na verdade, são defensores ainda que por ingenuidade do Design Inteligente.
Sagan,
Dawkins, ou qualquer outro autor sério em divulgação ou pesquisa ou
ensino de evolução em Biologia, NUNCA afirmou que “a possibilidade do
homem ter evoluído é de uma em 100 quadrilhões” ou, como gosto de dizer,
joça de número grande similar. O que qualquer autor são e informado
afirma é que a possibilidade de o processo evolutivo seguir pelo caminho
que seguiu, entre todos os outros possíveis, é exatamente, por exemplo
para o humano, enormemente pequena, mas infelizmente – ou felizmente –
assim se deu.
O ser humano, assim
como um simpático e destacado elefante, não é o planejamento para se
chegar a este que lhe escreve ou a um elefante que tanto destaco em meus
textos (pois elefantes são, como qualquer mortal percebe, visualmente
destacados). O ser humano é o fluir de bifurcações de um cladograma, a
ramificação de uma árvore da vida, que chegou no elefante ou neste que
lhe escreve, assim como chegou em uma minhoca ou em uma acácia, em uma Escherichia coli
ou em um lactobacilo. Esta probabilidade não é a de que, a partir de um
amontoado de genéticas, tenha se chegado miraculosamente em nós que
somos/seríamos seu objetivo, assim como é/seria o objetivo o lactobacilo
que eu devoro. Esta probabilidade é sim, dentre todos os caminhos
possíveis e inúmeras combinações que poderiam variar de maneira
praticamente infinita, a de quem escreve este texto não tenha tromba,
pese 5 toneladas e goste de beber Escherichia coli sabe-se lá
em que bebida feita do que, talvez acácias que se alimentem de minhocas
(cuidado criacionistas, pois há plantas que se alimentam de insetos).
Neste
momento, gosto de uma argumento oriundo da ficção científica. Esta
probabilidade extremamente pequena de mesma configuração da árvore da
vida é o que faz contextos de ficção científica como Star Trek, com suas
formas humanoides apenas divergindo na maquiagem, serem infantis, e
clássicos como Planeta Proibido, com suas portas em forma de diamantes,
serem coerentes, assim como as exóticas formas de vida levadas ao
realismo em movimento de Star Wars, mesmo num universo adolescente,
serem maduras cientificamente, ou uma única frase, como a ouvida em O
Dia em Que a Terra Parou, em sua segunda versão – “Assumi a forma humana
para que não lhe causasse repulsa.” – ser pronunciada fazendo-nos
pensar, e não causar risos.
Seria bom
criacionistas e outros entenderem que esta pequeníssima probabilidade
de sermos assim não implicaria em não haver elefantes (ou algo parecido)
inteligentes, que bebessem saborosas bebidas sabe-se lá do que feitas;
e, inclusive, entendessem que probabilidades baixas de uma determinada
configuração resultante de um processo não implica em um processo não
poder resultar em qualquer outra configuração.
Lei de Borel, a inexistente
Invariavelmente,
criacionistas apelam para algumas falácias, quando não podemos dizer
completas mentiras, quando também não absolutas tolices. Entre as
primeiras, encontram-se a Falácia de Hoyle e suas variações, nos moldes
do visto acima, entre as segundas, a assim chamada e jamais encontrada
na literatura “Lei de Borel” e seus 10^50 (curiosamente, a imensa
maioria dos criacionistas de quem até hoje li tal coisa jamais acertam
como fazer uma notação de potência, mas isto é outra misteriosa
questão). Tanto a Falácia de Hoyle no seu estado mais puro, como linkado acima, quanto a tal “Lei de Borel“, eu tratei até a exaustão em dois Knols.
Espero em breve fazer uma associação desta questão da “Lei de Borel” criacionista com o lado sério da coisa, que é a lei dos grandes números e as distribuições e sua aplicação no entendimento evolutivo, como a distribuição de Poisson e a muito mais poderosa para tratar questões na variável tempo que é a distribuição de Weibull.
Em tempo, uma lida rápida na Wikipédia em inglês sobre a distribuição de Poisson,
que é a mais trivial no tratamento de probabilidades mais complexas e
“contínuas” do que os banais dados ou jogos de loteria, já dá uma mostra
do nível de complexidade matemática que esta área do conhecimento
humano já apresenta. Idem (e ainda mais) para a de Weibull.
Logo, não serão criacionistas com suas afirmações nebulosas que vão
derrubar o processo evolutivo por um raciocínio matemático completamente
equivocado, ainda mais sobre simplesmente mentiras, pois sejamos
claros, se o fosse assim fácil, os matemáticos do mundo já o teriam
feito banalmente. O mesmo mostraremos adiante em física e os físicos, na
questão da termodinâmica como um possível empecilho para o processo
evolutivo.
Muitas vezes me assombra o
desespero (e talvez com sorte apenas ignorância) dos criacionistas em
apelar para argumentos infelizes como “a chance de, por acaso, pegar um átomo específico em todo o universo seria de apenas 1 sobre 1 seguido de 80 zeros”
ou ainda probabilidades de denominadores maiores que estas , quando,
bastando entender um nível mínimo de químico de primário, sabe-se que os
átomos de um elemento, aqui ou em Plutão, e até nas mais distantes
estrelas e seus planetas, são, mesmo com as variantes dos isótopos,
exatamente iguais para fins químicos que os que tenho em uma garrafa de
água mineral que agora bebo.
Fantástico
também é chegarem, além da absoluta desonestidade/estupidez do
argumento acima, a desprezarem o belo e gritante fato da natureza que o
vento que sopra em Campinas ou Hortolândia, ou Shangai ou Teerã,
trazendo uma molécula (na verdade, miríades) sabe-se lá de onde, é a
mesma que absorvida pela cevada na sua fotossíntese, produzindo amido,
ou da cana em sua sacarose, contém o mesmo átomo que passará a ser
composição de minha musculatura amanhã, por meio de minha cerveja no
sábado ou de meu café na tarde de segunda. E esta argumentação simples e
direta poderia ser estendida ao infinito, em números gigantescamente
maiores em caminhos possíveis que o mais obsessivo dos criacionistas em
escrever números aparentemente grandes baseados na verdade em bobagens.
Em
outras palavras, nunca a biologia ou a química nos tratou como o
arranjo de átomos individuais específicos, mas como átomos de elementos
específicos.
Mas sejamos honestos (ao
contrário deles): para chegar-se a esta capacidade de especificamente
produzir a cevada amido, a cana açúcar, as leveduras a maravilhosa
cerveja, o café sua poderosa e necessária a mim cafeína, e estes serem
absorvidos nevralgicamente pelo meu corpo, serem divertidos ao meu
cérebro e motivantes a minha produção intelectual, bilhões de anos de
aperfeiçoamento pela mortes mais terríveis foram necessários.
Mas
antes, muito antes disso, alguns milhões, na verdade centenas de
milhões, de anos de geologismos, meteorologismos e até, usando um termo
adorado pelos criacionistas, “catastrofismos” foram necessários, em que
por meio, como já conhecemos, de milhões e milhões de raios de gigawatts
de potência elétrica caíram em atmosfera tão infeliz à vida quanto é a
de Vênus, espessa e pouco transparente quanto essa, protegendo as
moléculas em síntese da radiação do Sol, sempre a decompor moléculas
complexas (e atentem, também a modificá-las em sínteses até mais
proveitosas e complexas, pois mesmo a radiação ultravioleta é ionizante
e, havendo cargas em moléculas ou pedaços de moléculas ou átomos
isolados, novas reações não tardam a ocorrer) até que se produziram
polimerizações, e destas, catalisadores (fora o papel de catálise de
inúmeros minerais) que propiciaram polimerizações específicas, em
“ondas” de produção de moléculas que, mais cedo ou mais tarde,
colaboraram entre si, e inclusive, algumas modificações destas que eram
capazes não de conduzir novas polimerizações similares, mas cópias QUASE
idênticas e, exatamente graças a este sempre presente QUASE, o processo
evolutivo, agora além do químico, mas que levou a mais simples bactéria
imaginável a ser todas as formas de vida do planeta – pelo menos como
evidenciamos até hoje.
Aqui, um acréscimo muito importante, relacionado com esta última frase: no passado, podem ter havido biopoeses
em paralelo na Terra, mas, até o momento, só uma parece que prevaleceu.
Igualmente, pode em algum recanto obscuro do planeta estar ocorrendo
esta de novo, ainda que, pela própria escala de geologia hoje disponível
para produzir qualquer coisa, seja extremamente improvável. Mas além
disso, desta improbabilidade pela escala geológica, atmosfera atual,
etc, igualmente uma pobre forma de vida simples não passará mais que
alguns minutos sem ser alimento de uma massa gigantesca de formas de
vida que permeiam o planeta, desde os pássaros das mais altas altitudes e
até das bactérias atuando na gordura de suas penas até quilômetros
abaixo da superfície, mesmo em meio a rocha, decompondo e modificando
nem só matéria orgânica, rica em carbono, mas também modificando até
óxidos e sulfetos inorgânicos, pois ao longo da história, a vida
adaptou-se a sobreviver a qualquer custo, mesmo o de digerir rochas.
Rivais que nos apoiam, ou “como quem eu cito não me colabora em coisa alguma”
Invariavelmente,
os criacionistas, e notemos a ironia, mesmo os de Terra Jovem, os
biblicistas literais e seus seis dias, apelam para citar o famoso em seu
meio (e até no nosso, que o conhecemos até em nível mais completo e
profundo que qualquer criacionista) livro de Behe, A Caixa Preta de Darwin.
Primeiramente neste ponto, nunca é tarde para cutucar os criacionistas, ainda mais os biblicistas, de que Behe (e diversos outros autores do design inteligente) não nega o processo evolutivo, muito menos a ancestralidade comum, muito menos afirma que o homem não tenha evoluído de outro primata, nem que não seja a evolução de uma bactéria primitiva e inclusive que não seja um parente afastado, como sempre brinco, até de um pé de brócolis.
O que, mais uma vez, me parece ser uma “falácia da surdez”, é que criacionistas, pouco interessando que inúmeros autores têm feito “esmagamentos” completos aos argumentos (que na verdade são “deus nas lacunas” adicionados de falácia do apelo à ignorância) de Behe e outros, como, destacadamente Orr, o próprio conjunto imenso de evidências de evolução dos olhos, inclusive na sua parte bioquímica, não só estrutural, a coagulação, e suas inúmeras variantes na natureza, em pleno acordo com o processo evolutivo dos diversos filos e seus sistemas próprios, a própria evidência, mais uma vez gritante, de que os flagelos bacterianos possuem variações, incompletas aos olhos de Behe, entre inúmeros filos de bactérias, etc.
A estes argumentos de biólogos e bioquímicos, somam-se os devastadores argumentos dos filósofos, contra os argumentos teleológicos, que inclusive partem de um raciocínio simples, tomando de premissa que existe o designer, e provando que pouco interessa, pois este não teria de ser único, e, neste campo, destaco o colosso intelectual que é Hume, que para toda a análise – inclusive de seus mais ferrenhos críticos – é considerado como aquele que encerrou esta questão.
Para tais questões, em um quadro mais formal, recomendo humildemente meus dois Knols, tanto o que trata da pitoresca Falácia da Poça D’Água quanto o que trata do embrião da argumentação pelo D.I., que é o argumento do relojoeiro de Paley.
Os tombos de quem citamos
Mas, antes de avançar para outro ponto, gostaria de colocar uma questão que sempre “passa batida” por qualquer criacionista que cita Behe. Esqueçamos o flagelo bacteriano e o consideremos um milagre, mas observemos o olho completo de um peixe. Observemos o sistema de coagulação também de um peixe. Desafio qualquer criacionista e defensor mesmo mais sofisticado do D.I. a me mostrar, que dado que agora temos um olho completamente funcional, e igualmente um mecanismo de coagulação, ambos surgidos por milagre, que animais que o contenham não possam se modificar no tempo e, assim como um elefante, um cavalo, um crocodilo, um sapo ou seja que animal for, adequado ao caso, claro, não seja a modificação de um peixe, mesmo considerando que seja fato que tais órgãos e mecanismos tenham sido soprados do barro por Aiye, a divindade da religião Yoruba – sim, porque gostaria de saber por que raios teria de ser o deus hebreu?
Primeiramente neste ponto, nunca é tarde para cutucar os criacionistas, ainda mais os biblicistas, de que Behe (e diversos outros autores do design inteligente) não nega o processo evolutivo, muito menos a ancestralidade comum, muito menos afirma que o homem não tenha evoluído de outro primata, nem que não seja a evolução de uma bactéria primitiva e inclusive que não seja um parente afastado, como sempre brinco, até de um pé de brócolis.
O que, mais uma vez, me parece ser uma “falácia da surdez”, é que criacionistas, pouco interessando que inúmeros autores têm feito “esmagamentos” completos aos argumentos (que na verdade são “deus nas lacunas” adicionados de falácia do apelo à ignorância) de Behe e outros, como, destacadamente Orr, o próprio conjunto imenso de evidências de evolução dos olhos, inclusive na sua parte bioquímica, não só estrutural, a coagulação, e suas inúmeras variantes na natureza, em pleno acordo com o processo evolutivo dos diversos filos e seus sistemas próprios, a própria evidência, mais uma vez gritante, de que os flagelos bacterianos possuem variações, incompletas aos olhos de Behe, entre inúmeros filos de bactérias, etc.
A estes argumentos de biólogos e bioquímicos, somam-se os devastadores argumentos dos filósofos, contra os argumentos teleológicos, que inclusive partem de um raciocínio simples, tomando de premissa que existe o designer, e provando que pouco interessa, pois este não teria de ser único, e, neste campo, destaco o colosso intelectual que é Hume, que para toda a análise – inclusive de seus mais ferrenhos críticos – é considerado como aquele que encerrou esta questão.
Para tais questões, em um quadro mais formal, recomendo humildemente meus dois Knols, tanto o que trata da pitoresca Falácia da Poça D’Água quanto o que trata do embrião da argumentação pelo D.I., que é o argumento do relojoeiro de Paley.
Os tombos de quem citamos
Mas, antes de avançar para outro ponto, gostaria de colocar uma questão que sempre “passa batida” por qualquer criacionista que cita Behe. Esqueçamos o flagelo bacteriano e o consideremos um milagre, mas observemos o olho completo de um peixe. Observemos o sistema de coagulação também de um peixe. Desafio qualquer criacionista e defensor mesmo mais sofisticado do D.I. a me mostrar, que dado que agora temos um olho completamente funcional, e igualmente um mecanismo de coagulação, ambos surgidos por milagre, que animais que o contenham não possam se modificar no tempo e, assim como um elefante, um cavalo, um crocodilo, um sapo ou seja que animal for, adequado ao caso, claro, não seja a modificação de um peixe, mesmo considerando que seja fato que tais órgãos e mecanismos tenham sido soprados do barro por Aiye, a divindade da religião Yoruba – sim, porque gostaria de saber por que raios teria de ser o deus hebreu?
Assim,
fica claro que, mesmo com mecanismos bioquímicos tendo sido gerados por
milagre, pouco interessa para a coordenação de células e seus tecidos
em compor organismo diversos, e o processo evolutivo ocorrer. Esta
argumentação, do tipo que na lembrança da “navalha de Ockham” chamo de
“machado”, é sempre útil para, a partir da colocação de premissas
exatamente iguais as da “parte contrária”, demonstrar de modo simples
que suas conclusões são um “non sequitur”, e de modo idêntico poderíamos
fazer para a origem da vida, que aqui colocarei como gerada por Orun, também da religião Yoruba, e igualmente pouco interessa tal milagre pois, após este, a vida evoluiu.
Aliás, este conjunto de argumentos deverá ser um acréscimo futuro a ser feito, ou uma continuação, do meu Knol O Motivo do Design Inteligente Implicar em Evolução, que trata do problema por outro caminho.
Outro ponto a ser até estudado por psicólogos, sociólogos e antropólogos, e garanto que renderia ótimas teses e seguros e aplaudidos mestrados e doutorados, seria da motivação quase masoquista* que criacionistas biblicistas acham, independentemente de sua infeliz argumentação, seja lógica, seja matemática, seja física, seja química, seja bioquímica – e nem vamos falar da biologia, pois esta não existe sem a teoria da evolução -, que ao citar qualquer passagem de Gênesis, seja falando de deus, pó, terra, água, barro, “segundo sua espécie”, seis dias, etc, vão conseguir convencer alguém com um mínimo de senso de ridículo que estão corretos e a vasta e esmagadora maioria de pensadores ao longo, não dos últimos 150 anos após Darwin, mas nos últimos 300 anos após alguns fundamentos da filosofia e da própria filosofia natural, antes do que seja propriamente ciência, estão errados.
*Em caso de uma explicação que não passe pelo masoquismo, ainda que inconsciente, aguardo correspondência por e-mail. Desde já, grato.
Algumas apreciações
Aqui, observações pessoais:
Uma questão que é interessante a respeito dos criacionistas, especialmente quando tentam tratar com conceituações e técnicas de nível secundário (se muito) questões extremamente complexas, é a de acharem que descobriram de alguma caixa mágica algum argumento fantástico para negar os fatos que, pela sua própria natureza, são estudados com as mais avançadas técnicas e no mais alto nível.* Exemplifico com o próprio caso do uso de probabilidades, como se as probabilidades de algo sendo baixas, e não são, implicasse em tal evento não ocorrer, ou afirmações em genética, área extremamente formal (no sentido de matemático), como se exatamente o conhecimento da genética é que permite se entender porque ocorrem as modificações das espécies, exatamente a questão ao tempo de Darwin nebulosa sobre como as espécies se modificariam no tempo, e em se modificando, ou melhor, podendo se modificar, porque transmitiam relativamente grande quantidade de características assim como também as modificações ocorridas à sua descendência.
*Aguarde adiante A questão do nível de linguagem e cultura específica.
Mas, dentro deste quadro de argumentações, é interessante se perceber que, quando são confrontados com volume esmagador de argumentos, ainda se apegam a coisas que propriamente não entenderam como se os sustentasse, e exemplifico: em Knol sobre modelos matemáticos simples que apresento ao tratamento do processo evolutivo busco para tratar de maneira extremamente limitada as modificações das células em sua posição em relação a um “arquétipo” de um ser vivo, os poliminós – como se não fosse trivial entender que somos arranjos de células mesmo sobre uma ótica fixista das espécies, exatamente porque não possuo o sexo de minha mãe e nem mesmo os exatos cabelos de meu pai, sem falar em chifres ausentes em vacas ou dedos a mais ou rabo a menos em gatos, casos muito mais gritantes de modificações das posições das células entre as gerações.
Tais poliminós são perfeitamente conhecidos em suas variações até um número grande de número de seus quadrados componentes, mas um equacionamento sobre como se dá tais combinações ainda não é conhecido na matemática, e nem mesmo se sabe se tal equacionamento existe. Mas o que interessa é que quadrados se acoplam em posições variadas e crescentes com o número que destes, e isto é similar a células se arranjando no espaço em combinações infinitamente mais variáveis, basta ver que, mesmo para animais pequenos como insetos, a variedade de formas é gigantesca, e nem precisamos apelar para os conhecimentos de genética ou mesmo evolução para perceber isso.
Mas ao ver esta dúvida sobre o equacionamento de poliminós, imediatamente um criacionista apontou para um de meus leitores que mais uma coisa em evolução não é conhecida! Mas percebamos que, exatamente, o desconhecimento do arranjo dos poliminós é matemático, então, como poderíamos apelar para a matemática, que aqui mostra-se parcialmente desconhecida, para afirmar que evolução não ocorre?
A pergunta acima mostra que, independentemente dos erros dos criacionistas, mesmo nos modelos matemáticos com que tentam encontrar argumentos para “refutar” o processo evolutivo, mesmo com a separação hoje definitiva entre o que seja uma matemática pura e a física, e consequentemente todas as ciências desta dependentes, incluindo a biologia, ainda sim os criacionistas apresentam uma argumentação desconexa, e cheguei a conclusão que a razão pura e simples disto é, do ponto de vista de método, não de motivação, é que não pretendem sustentar sua criação miraculosa dos filos dos seres vivos, coisa que bastaria mostrar a própria abiogênese de qualquer forma simples (nem falemos das complexas) de vida (aliás, se provarem das mais simples possíveis, provarão biopoese!), nem mesmo a separação inquebrantável e insuperável entre as espécies, contrariando a descendência universal, e, muitas vezes, entrando em contradições com seus “grupos internos”, suas divisões, afirmando que as formas de vida são absolutamente fixas, e negando os “baramins”, necessários inclusive à sustentação do dilúvio bíblico e sua arca. Eles querem, antes de tudo, conduzir ao impossível absurdo até as coisas mais visíveis da evolução, como, por exemplo, a inegável seleção natural, que inclusive independeria de como e se as espécies se modificam – pois afirmar que o ambiente não se modifica é afirmar que ilhas como as de Tambora ou Krakatoa, só para citar dois casos mais destacados, não tenham se modificado completamente ou mesmo deixado de existir (se ali aconteceu a extinção de algum dodô ou coisa similar, pouco interessa neste meu argumento, pois bastaria mudar o local e escolher a espécie, como os gigantescos baluquitérios dos desertos da Ásia).
Aliás, este conjunto de argumentos deverá ser um acréscimo futuro a ser feito, ou uma continuação, do meu Knol O Motivo do Design Inteligente Implicar em Evolução, que trata do problema por outro caminho.
Outro ponto a ser até estudado por psicólogos, sociólogos e antropólogos, e garanto que renderia ótimas teses e seguros e aplaudidos mestrados e doutorados, seria da motivação quase masoquista* que criacionistas biblicistas acham, independentemente de sua infeliz argumentação, seja lógica, seja matemática, seja física, seja química, seja bioquímica – e nem vamos falar da biologia, pois esta não existe sem a teoria da evolução -, que ao citar qualquer passagem de Gênesis, seja falando de deus, pó, terra, água, barro, “segundo sua espécie”, seis dias, etc, vão conseguir convencer alguém com um mínimo de senso de ridículo que estão corretos e a vasta e esmagadora maioria de pensadores ao longo, não dos últimos 150 anos após Darwin, mas nos últimos 300 anos após alguns fundamentos da filosofia e da própria filosofia natural, antes do que seja propriamente ciência, estão errados.
*Em caso de uma explicação que não passe pelo masoquismo, ainda que inconsciente, aguardo correspondência por e-mail. Desde já, grato.
Algumas apreciações
Aqui, observações pessoais:
Uma questão que é interessante a respeito dos criacionistas, especialmente quando tentam tratar com conceituações e técnicas de nível secundário (se muito) questões extremamente complexas, é a de acharem que descobriram de alguma caixa mágica algum argumento fantástico para negar os fatos que, pela sua própria natureza, são estudados com as mais avançadas técnicas e no mais alto nível.* Exemplifico com o próprio caso do uso de probabilidades, como se as probabilidades de algo sendo baixas, e não são, implicasse em tal evento não ocorrer, ou afirmações em genética, área extremamente formal (no sentido de matemático), como se exatamente o conhecimento da genética é que permite se entender porque ocorrem as modificações das espécies, exatamente a questão ao tempo de Darwin nebulosa sobre como as espécies se modificariam no tempo, e em se modificando, ou melhor, podendo se modificar, porque transmitiam relativamente grande quantidade de características assim como também as modificações ocorridas à sua descendência.
*Aguarde adiante A questão do nível de linguagem e cultura específica.
Mas, dentro deste quadro de argumentações, é interessante se perceber que, quando são confrontados com volume esmagador de argumentos, ainda se apegam a coisas que propriamente não entenderam como se os sustentasse, e exemplifico: em Knol sobre modelos matemáticos simples que apresento ao tratamento do processo evolutivo busco para tratar de maneira extremamente limitada as modificações das células em sua posição em relação a um “arquétipo” de um ser vivo, os poliminós – como se não fosse trivial entender que somos arranjos de células mesmo sobre uma ótica fixista das espécies, exatamente porque não possuo o sexo de minha mãe e nem mesmo os exatos cabelos de meu pai, sem falar em chifres ausentes em vacas ou dedos a mais ou rabo a menos em gatos, casos muito mais gritantes de modificações das posições das células entre as gerações.
Tais poliminós são perfeitamente conhecidos em suas variações até um número grande de número de seus quadrados componentes, mas um equacionamento sobre como se dá tais combinações ainda não é conhecido na matemática, e nem mesmo se sabe se tal equacionamento existe. Mas o que interessa é que quadrados se acoplam em posições variadas e crescentes com o número que destes, e isto é similar a células se arranjando no espaço em combinações infinitamente mais variáveis, basta ver que, mesmo para animais pequenos como insetos, a variedade de formas é gigantesca, e nem precisamos apelar para os conhecimentos de genética ou mesmo evolução para perceber isso.
Mas ao ver esta dúvida sobre o equacionamento de poliminós, imediatamente um criacionista apontou para um de meus leitores que mais uma coisa em evolução não é conhecida! Mas percebamos que, exatamente, o desconhecimento do arranjo dos poliminós é matemático, então, como poderíamos apelar para a matemática, que aqui mostra-se parcialmente desconhecida, para afirmar que evolução não ocorre?
A pergunta acima mostra que, independentemente dos erros dos criacionistas, mesmo nos modelos matemáticos com que tentam encontrar argumentos para “refutar” o processo evolutivo, mesmo com a separação hoje definitiva entre o que seja uma matemática pura e a física, e consequentemente todas as ciências desta dependentes, incluindo a biologia, ainda sim os criacionistas apresentam uma argumentação desconexa, e cheguei a conclusão que a razão pura e simples disto é, do ponto de vista de método, não de motivação, é que não pretendem sustentar sua criação miraculosa dos filos dos seres vivos, coisa que bastaria mostrar a própria abiogênese de qualquer forma simples (nem falemos das complexas) de vida (aliás, se provarem das mais simples possíveis, provarão biopoese!), nem mesmo a separação inquebrantável e insuperável entre as espécies, contrariando a descendência universal, e, muitas vezes, entrando em contradições com seus “grupos internos”, suas divisões, afirmando que as formas de vida são absolutamente fixas, e negando os “baramins”, necessários inclusive à sustentação do dilúvio bíblico e sua arca. Eles querem, antes de tudo, conduzir ao impossível absurdo até as coisas mais visíveis da evolução, como, por exemplo, a inegável seleção natural, que inclusive independeria de como e se as espécies se modificam – pois afirmar que o ambiente não se modifica é afirmar que ilhas como as de Tambora ou Krakatoa, só para citar dois casos mais destacados, não tenham se modificado completamente ou mesmo deixado de existir (se ali aconteceu a extinção de algum dodô ou coisa similar, pouco interessa neste meu argumento, pois bastaria mudar o local e escolher a espécie, como os gigantescos baluquitérios dos desertos da Ásia).
Apelos à ignorância
Criacionistas adoram, em meio ao terrível cultivo de seu jardim todo feio, mal-cuidado, esburacado e carunchado (Roberto Takata),
apelar para o que eles acham que seja nosso conhecimento sobre os
passos do processo evolutivo, seja ele o cosmológico, o astrofísico, o
geológico, o químico da origem da vida, e o dos seres vivos,
propriamente, para eles o mais problemático, pois ao criacionista é
difícil ser descendente de um primata, mesmo sendo um primata, quanto mais ser parente afastado de uma ervilha.
Assim, afirmam com enorme gritaria que desconhecemos os organismos iniciais formados na vida, quando isso pouco interessa, pois certamente seriam ainda mais primitivos que nossas atuais mais primitivas bactérias e, ainda sim, não teria se formado do nada um cachalote nem seriam necessariamente iguais os hipopótamo desde um inexistente surgimento miraculoso.
Afirmam com fogos de artifício que os compostos químicos formadores iniciais da vida seriam desconhecidos, quando na verdade sabemos exatamente quais são e para toda a forma de vida que encontramos na natureza são os mesmos, inclusive, se reduzindo a um número menor exatamente na direção das mais simples bactérias, como vimos acima, pelo mesmo evolutivo motivo. E, ainda sim. o argumento que acima apresento de um cachalote ou um hipopótamo não surgirem miraculosamente na Terra (seja na terra ou na água) e não serem impedidos de se modificar permaneceria sólido.
Gritam aos ventos que a atmosfera primitiva não seria conhecida quando, na verdade, sabemos exatamente o que ela não possuía, o que muitíssimo provavelmente possuía e, inclusive, o que certamente produziria, em inúmeras variações, e todas estas variações conduzem a produção inexorável dos tijolos mais fundamentais da vida.
Mas lembrando frase de Einstein em resposta a os opositores da Teoria da Relatividade, bastaria apresentar porque a atmosfera da Terra não poderia ser deste enorme número de variações de composição, ou a composição exata que impediria a síntese de aminoácidos por exemplo, e ainda que colocassem lá o surgimento da vida por milagre, ainda sim, não provariam o seu cachalote e seu hipopótamo miraculosos, espontâneos e fixos, e a evolução da vida ainda seria fato.
Alguns, como este evangélico, afirmam com vigor que a escala da evolução (como se esta se desse em escala ou “escada”, e não em “árvore”) não é conhecida, quando mal percebem que uma graduação entre as complexidades de “fauna e flora” ao longo da história da vida, assim como as bifurcações mais amplas das formas de vida, e até inúmeros filos extremamente detalhados, como os mamíferos, são ,na prática, para as necessidades da paleontologia e por ela mesma pesquisada, completamente conhecidas. As lacunas hoje do cladograma são ao nível mais preciso e detalhista que se possa imaginar, e vou me poupar de acrescentar o colossal detalhamento da genética na cladística de todos os filos.
Chegam a petulância de afirmar que a evolução não possui os mecanismos conhecidos, quando exatamente este é o mais conhecido de seus aspectos. Chegam a soberba de afirmar que as evidências não sejam conhecidas, quando o que afirmei pouco é exatamente oriundo, antes de o ser pela genética das formas hoje vivas e até algumas extintas, levantado exatamente pelas evidências (fósseis).
Aqui, lembremo-nos de que, como descrevi, o problema não é quem aceita o fato da evolução, e ainda mais o estuda, encontrar o exato animal que, sendo um amniota, se transformou num cavalo ou, entre eles, qual cavalo perdeu exatamente mais um dedo, mas que eles apresentem quando surgiu miraculosamente um “gigante belga” de uma tonelada, ou mesmo um minúsculo pônei, já completo e acabado, na natureza.
Assim, afirmam com enorme gritaria que desconhecemos os organismos iniciais formados na vida, quando isso pouco interessa, pois certamente seriam ainda mais primitivos que nossas atuais mais primitivas bactérias e, ainda sim, não teria se formado do nada um cachalote nem seriam necessariamente iguais os hipopótamo desde um inexistente surgimento miraculoso.
Afirmam com fogos de artifício que os compostos químicos formadores iniciais da vida seriam desconhecidos, quando na verdade sabemos exatamente quais são e para toda a forma de vida que encontramos na natureza são os mesmos, inclusive, se reduzindo a um número menor exatamente na direção das mais simples bactérias, como vimos acima, pelo mesmo evolutivo motivo. E, ainda sim. o argumento que acima apresento de um cachalote ou um hipopótamo não surgirem miraculosamente na Terra (seja na terra ou na água) e não serem impedidos de se modificar permaneceria sólido.
Gritam aos ventos que a atmosfera primitiva não seria conhecida quando, na verdade, sabemos exatamente o que ela não possuía, o que muitíssimo provavelmente possuía e, inclusive, o que certamente produziria, em inúmeras variações, e todas estas variações conduzem a produção inexorável dos tijolos mais fundamentais da vida.
Mas lembrando frase de Einstein em resposta a os opositores da Teoria da Relatividade, bastaria apresentar porque a atmosfera da Terra não poderia ser deste enorme número de variações de composição, ou a composição exata que impediria a síntese de aminoácidos por exemplo, e ainda que colocassem lá o surgimento da vida por milagre, ainda sim, não provariam o seu cachalote e seu hipopótamo miraculosos, espontâneos e fixos, e a evolução da vida ainda seria fato.
Alguns, como este evangélico, afirmam com vigor que a escala da evolução (como se esta se desse em escala ou “escada”, e não em “árvore”) não é conhecida, quando mal percebem que uma graduação entre as complexidades de “fauna e flora” ao longo da história da vida, assim como as bifurcações mais amplas das formas de vida, e até inúmeros filos extremamente detalhados, como os mamíferos, são ,na prática, para as necessidades da paleontologia e por ela mesma pesquisada, completamente conhecidas. As lacunas hoje do cladograma são ao nível mais preciso e detalhista que se possa imaginar, e vou me poupar de acrescentar o colossal detalhamento da genética na cladística de todos os filos.
Chegam a petulância de afirmar que a evolução não possui os mecanismos conhecidos, quando exatamente este é o mais conhecido de seus aspectos. Chegam a soberba de afirmar que as evidências não sejam conhecidas, quando o que afirmei pouco é exatamente oriundo, antes de o ser pela genética das formas hoje vivas e até algumas extintas, levantado exatamente pelas evidências (fósseis).
Aqui, lembremo-nos de que, como descrevi, o problema não é quem aceita o fato da evolução, e ainda mais o estuda, encontrar o exato animal que, sendo um amniota, se transformou num cavalo ou, entre eles, qual cavalo perdeu exatamente mais um dedo, mas que eles apresentem quando surgiu miraculosamente um “gigante belga” de uma tonelada, ou mesmo um minúsculo pônei, já completo e acabado, na natureza.
Para estas certezas absolutas, completas e seguras sobre o mundo que possuem, aos criacionistas dedico esta citação de Darwin:
«A
ignorância gera confiança mais frequentemente que o conhecimento; são
aqueles que sabem pouco e não aqueles que sabem muito que asseguram que
este ou aquele problema nunca serão resolvidos pela ciência».
A
questão aqui não é de Popper e Kuhn, como acreditam muitos dos
defensores de uma argumentação pela Filosofia da Ciência contra os
criacionistas, mas, sim, de enfiar-lhes o dedo na cara e exigirem que ao
menos produzam algo pelos seus devaneios, independentemente de serem no
mínimo um pouco honestos.
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