quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Virtualidade, pensamento e influência

SR1

Observar as pessoas é algo que me fascina. Não, não tenho a presunção de imaginar que posso compreende-las ou diagnostica-las sob qualquer ótica (religiosa, filosófica, psicológica). Mas observá-las me serve como um hobby de crítica contínua sobre o comportamento cotidiano. Por vezes procuro situações para fazer isso de forma consciente e outras me pego subitamente meditando tão longe dali quanto se possa imaginar.

O mundo virtual, pra mim, é um grande laboratório de observação. Não como um jogo, pelo contrário, é bastante real e profundo. Venho analisando como as pessoas encaram a vida virtual. Alguns consideram seus amigos virtuais como amigos imaginários, como uma brincadeira com bonecas onde tudo o que acontece é apenas fruto da sua imaginação. Isso explica determinados
comportamentos destrutivos, como de pseudo-garotas de 24 anos, lindas, inteligentes e divertidas que são, na vida real, senhoras de meia idade, casadas e frustradas com suas próprias vidas medíocres e se colocam a enganar e seduzir pessoas prejudicando-as sem muito escrúpulo. Para outros, amizades e relacionamentos virtuais não devem ser levados a sério pois esse tipo de mídia mostra falsos personagens criados para esconder suas verdadeiras personalidades. Talvez estas pessoas ainda não perceberam que as pessoas que usam esse meio são pessoas tão reais quanto as pessoas com quem convive no trabalho ou escola, que tem suas vidas particulares e protegem-se mais ou menos de acordo com o nível de privacidade que lhes é mais adequado. De fato, são pessoas reais.
O mais interessante sobre a vida virtual é o fator imaginário que ele carrega. São vidas vividas dentro da mente. Praticamente não há fatos palpáveis. Os sentidos são substituídos pela “imaginação dos sentidos”. Não vemos as pessoas, mas analogicamente as conhecemos. Não sentimos seu contato, seu cheiro ou sua voz. Mas talvez tenhamos acesso a algo bem mais profundo… suas mentes. Pelas redes sociais, atualmente o maior meio de interação pessoal possível, acompanhamos o dia a dia das pessoas que nos interessam. Sabemos sobre momentos particulares, suas observações sobre a vida, seus interesses e ainda temos acessos as interações que essas pessoas tem com seus amigos e parentes. Vida virtual é tão (ou mais) real que a vida física.
Mas ainda aqui o poder da virtualização da vida está sendo subjugado. Vivemos em dias de revolução. As causas particulares tem se tornado causas coletivas. Não seria muito difícil olhar para a virtualidade como uma nova dimensão onde convergimos com outras pessoas sem as barreiras de tempo e espaço da mesma forma. Uma dimensão onde as leis da física não tem grande influência. Dessa forma, usando-se do poder dessa dimensão virtual, as revoluções tem causado mudanças reais. Tenho me impressionado com militâncias virtuais causando mudanças na lei, na cultura, na sociedade de maneira geral. Eu mesmo passei a questionar meus valores e minha cultura por conta de causas sexistas, uso de drogas e tantas outras. Os debates são frequentes, os argumentos transbordam de todos os lados e no meio de tudo isso novas conclusões são tiradas, novas ideias são criadas e as mudanças sociais são aceleradas. Se haverá um final pra isso e qual será, eu não sei dizer, mas é fato que a velocidade das transformações da sociedade tem aumentado exponencialmente e deixar de acompanhar estas mudanças é alienar-se e marginalizar-se.

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