segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O que veio primeiro: uma cabeça sem cérebro, ou um cérebro sem cabeça?


Nematostella-vectensis
Em muitos animais, o cérebro está localizado em uma estrutura específica, como a cabeça, juntamente com os órgãos sensoriais. Muitas vezes, também está em conjunto com a boca.
No entanto, há animais mais primitivos que têm um sistema nervoso, mas nenhum cérebro, como anêmonas e corais. Será que esse sistema nervoso fica em uma extremidade que seria considerada a “cabeça” de animais superiores?

Em um novo estudo da Universidade de Viena (Áustria), a anêmona-do-mar (Nematostella vectensis) foi usada para descobrir se uma das suas extremidades correspondia à cabeça de animais superiores.
Para tanto, pesquisadores estudaram a função dos genes que controlam o desenvolvimento da cabeça nos animais superiores durante o desenvolvimento embrionário da anêmona-do-mar.
“Apesar de terem aparências completamente diferentes, nas últimas décadas tornou-se claro que todos os animais têm um repertório semelhante de genes, incluindo aqueles exigidos para desenvolver a cabeça em animais superiores”, disse um dos autores do estudo, Ulrich Technau da Universidade de Viena.
Quando anêmonas-do-mar estão em fase larval, elas nadam e procuram um local adequado para assentar-se e metamorfosear-se em um pólipo. Durante esta metamorfose, é a extremidade dianteira da larva que detecta o meio ambiente e se liga a terra, enquanto a outra extremidade se transforma no lado oral dos animais, com boca e tentáculos.
Contrária à expectativa dos cientistas, eles descobriram que esse lado anterior, da boca da larva da anêmona, é governado por uma hierarquia de genes controlada pelo gene principal Six3/6. Notavelmente, este gene, assim como seus genes dependentes, também desempenha um papel crucial na formação do cérebro de moscas, peixes e homens.
Por conseguinte, nesse animal, a função dos genes da “cabeça” está localizada na extremidade que corresponde ao “pé” dos animais adultos. Como o final anterior da larva carrega seu órgão de sentido principal, nesta fase, parece que essa pode ser a sua cabeça. Os “genes da cabeça” funcionam neste lado dos animais, mas não são (ainda) usados para formar um cérebro completo.
“Com base na aparência dos animais adultos, a extremidade anterior destes animais [anêmonas-do-mar] tem sido tradicionalmente chamada de pé e a extremidade superior de cabeça, ao passo que, de fato, está basicamente virada de cabeça para baixo”, explica Technau. “Ou nós estamos…”.
Anêmonas-do-mar e todos os animais superiores, incluindo seres humanos, compartilham um ancestral comum sem cérebro, que viveu entre 600 e 700 milhões de anos atrás. Ao revelar a função dos “genes da cabeça” em Nematostella, os pesquisadores acreditam que compreendem melhor como e de onde a cabeça e o cérebro de animais superiores evoluíram: definitivamente, a rede de genes que formou um centro sensorial evoluiu nesse ancestral comum.[Science20]

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